5 dicas para formar pequenos-grandes leitores

1. Seja você um leitor

Qual é a melhor maneira de ensinar seu filho ou aluno que ler é bom, senão pelo exemplo? Isso não significa pegar seu livro, sentar-se perto da criança e ficar lendo em silêncio, enquanto ela tem que fazer qualquer outra coisa sem você porque você está ocupado(a) demais para dar atenção a ela. Isso pode causar o efeito contrário ao que desejamos: de que o momento da leitura é ruim, tedioso, solitário.

A melhor forma de mostrar a uma criança que você é um leitor porque ler é bom é conversar com ela sobre o livro que você está lendo. Demonstre entusiasmo. Descreva os personagens – ou os assuntos e tópicos, se não for um livro de literatura – com empolgação, maravilhamento. Conte a ela o que você descobriu lendo esse livro; instigue sua curiosidade. Faça isso de maneira natural, durante uma refeição, por exemplo, ou uma viagem de carro. “Adivinhe o que aconteceu no capítulo que eu li ontem, antes de dormir!”, ou “Sabe o que eu descobri no capítulo que eu li enquanto esperava no consultório?” são boas maneiras de “puxar o assunto”.

Envolva-a na história: pergunte o que ela acha que vai acontecer em seguida; o que ela faria no lugar de tal personagem; se ela já viu ou viveu algo parecido. Se você estiver lendo um livro acadêmico, uma leitura pesada, tente explicar de uma maneira acessível à cognição da criança do que se trata e faça boas perguntas. Deixe que ela faça perguntas também; valorize isso. Se não souber responder todas, sugira que façam uma pesquisa juntos, ou nutra nela a expectativa de que a resposta pode ser encontrada nos próximos capítulos – quando você descobrir, contará a ela.

Pense, agora, no livro que você está lendo no momento e tente elaborar uma forma criativa e envolvente de explicá-lo a uma criança de forma que instigue curiosidade e interesse nela. Surpreenda-se com a solução que você encontrará e com o resultado que obterá. Compartilhe com a gente, vamos ficar felizes em saber das sementinhas que estão sendo plantadas aí. Podemos e vamos nos empenhar para contribuir para o bom cultivo dessa plantinha, confiantes de que quem dá o crescimento é Deus. (1Co 3.6-9)

2. Leia em voz alta

Se tivéssemos que escolher uma só dica, seria esta: LEIA EM VOZ ALTA para suas crianças!

Durante a leitura em voz alta (LVA) de um bom livro, a criança toma contato com um vocabulário superior ao seu, que, assim sendo, o amplia e enriquece. Também aprende a prosódia (cadência, entonação) de uma leitura fluente, o que lhe servirá de padrão para quando ela começar a ler os próprios livros sozinha. Portanto, não tenha medo dos livros bem escritos; uma linguagem mais rebuscada não é um inimigo, muito pelo contrário: é um excelente aliado.

Capriche na entonação, nas expressões; faça vozes diferentes para personagens diferentes. Não confunda: LVA é diferente de contação de histórias; nesta, o contator performa uma história enquanto a reconta, de memória; na LVA, o leitor com entusiasmo e deleite.

Faça um suspense antes de apresentar o livro escolhido, gere interesse, faça charadas, crie um mistério, para, então, revelar o livro. Mostre a capa, leia a sinopse, deixe que a criança faça perguntas e tente adivinhar o conteúdo da história. Depois da leitura de cada capítulo ou trecho, pergunte-lhe o que ela acha que vai acontecer em seguida, dê seus palpites também. Alegrem-se nesse momento. Conversem.

Os benefícios da LVA vão, ainda, além da formação leitora ou intelectual da criança. É um momento não apenas de apreciação de uma obra, mas de criação de vínculos entre leitor e ouvinte; é um momento que o adulto reservou para estar só com a(s) criança(s), sem telas, sem distrações, apenas as pessoas e o livro. Também é um bom exercício para exercitar virtudes como o autocontrole. Nesta era de telas e distrações e agitação, é muito desejável que a criança consiga se aquietar para ouvir, estar atenta.

Por isso, escolha um momento propício do dia e um tempo determinado para ser o horário oficial da LVA. Comece com apenas dez minutos por dia, e vá aumentando progressivamente, conforme a resposta das crianças. Faça disso um hábito. Se há crianças pequenas na casa, pode ser alguns minutos antes da soneca, para preparar o momento de aquietar-se para dormir, ou mesmo à noite.

Tente selecionar um livro que agrade a todas as crianças, mas, se não for possível, crie estratégias para que a criança cuja preferência não é o livro escolhido não se sinta entediada ou excluída. Por exemplo: dê a ela um caderno para desenhar conforme a história avança, ou ofereça-lhe um cafuné durante a leitura. Use a criatividade para fazer desse momento um momento prazeroso e de conexão entre todos. Se há crianças muito pequenas, dê-lhes um brinquedo que não faça muito barulho para que ela consiga participar também.

Vamos regar essa sementinha-leitor. Nós nos comprometemos a oferecer a água… Quer dizer, livros de qualidade para ajudar a cultivá-la, confiantes de que quem dá o crescimento é Deus (1Co 3.6-9).

3. Ofereça livros adequados e de qualidade

É preciso fazer uma transição da leitura de livros de poucas frases e muitas ilustrações para os “livros de capítulos” – aqueles livros que podem ter ilustrações, mas elas não dominam a páginas, ou seja, a atenção do leitor é direcionada à história não ao colorido da ilustração.

Agora, imagine fazer essa transição de um livro de frases curtas e fonte grande numa página toda ilustrada para um livro que só tem “letrinhas”. O ideal é que seja uma transição mais progressiva, caso contrário a criança pode se sentir desestimulada.

Isso pode ser feito com:

(1) livros que tenham algumas ilustrações – e é importante que sejam bonitas – mas que elas não ocupem a maior parte do livro;

(2) capítulos menores, para que a criança vá trabalhando com metas curtas;

(3) uma linguagem adequada, o que não é sinônimo de pobreza linguística, apenas de um pouco mais de simplicidade (Na LVA, podemos escolher livros mais rebuscados, mas na leitura autônoma inicial, é interessante que a linguagem e a estrutura das frases sejam mais simples, para que a criança consiga compreender o quadro todo sem precisar de muita ajuda de um adulto);

(4) é bem interessante que o livro tenha uma diagramação mais favorável à leitura de uma criança, com uma fonte e um espaçamento um pouco maiores, isso evita que criança fique desanimada com a quantidade de “letrinhas miúdas juntinhas” e pule letras ou palavras inteiras.

Apenas estejamos atentos à armadilha de achar que, por se tratar de um livro para crianças, a história pode ser qualquer uma. Muito pelo contrário! O conteúdo é o mais importante; tudo o mais são facilitadores. Escolha bons livros, histórias que incentivem boas virtudes, que entretenham, sim, mas com bons valores. Vá observando e perguntando a ela que tipos de histórias e temas mais lhe agradam, e faça suas escolhas também levando isso em conta. E, uma vez que a criança conseguiu ler um livro de capítulo pequeno, vá progredindo para livros cada vez maiores, aos poucos.

Todos os livros da Gadel são escolhidos e editados com base nesses critérios. Histórias envolventes, de cosmovisão cristã, em formato propício à leitura autônoma por uma criança. Desde “Alguém salve o Túlio”, passando por “Milly e os filhos pródigos”, “O menino-botão”, até “Joel, um menino da Galileia” o leitor passa por todas as fases do processo de aquisição de fluência leitora.

4. Estabeleça uma rotina de leitura

O hábito da leitura, assim como qualquer outro, não é adquirido do dia para a noite. A aquisição de um hábito demanda esforço e diligência. Podemos estabelecer duas estratégias muito simples para isso: metas modestas (realizáveis) e constância.

Assim como falamos de criar uma rotina – horários e duração determinados – para a LVA, assim também é na leitura autônoma da criança. Estabeleça uma meta: dez minutos ou um capítulo ou trecho específico por dia, depois do almoço, por exemplo (ou qualquer horário que funcione melhor em sua casa ou sala de aula). Vá aumentando a meta progressivamente, conforme perceber que a criança está progredindo bem.

Não abra exceções, a não ser que seja por motivos de força maior. A constância é a essência do hábito. Crianças clamam por rotina. Quando elas sabem, mais ou menos, o que esperar que acontecerá em determinados momentos de seu dia, elas se sentem menos ansiosas e mais seguras. Isso as ajuda também a ter autocontrole e responsabilidade.

Não é assim também no cultivo de um jardim? As plantinhas devem ser regadas com regularidade e em momentos específicos do dia para que cresçam bem. Se você regar uma planta ao meio-dia no verão, a água logo vai evaporar, e a coitadinha ficará seca. Além disso, é bom salientar: não regamos jardins com refrigerante só porque ele é um líquido, certo? Assim também não oferecemos leitura de baixa qualidade só porque se chama livro. Com bons hábitos cultivamos boas virtudes.

No início, peça que a criança leia em voz alta para você, e vá corrigindo seus erros de leitura, pontuação, prosódia, até que ela adquira fluência leitora. Depois da leitura, conversem com leveza sobre o que foi lido. Cuidado para não transformar esse momento em um interrogatório, pois o objetivo é fazer que a criança tenha prazer em ler, e não deixá-la tensa. Tenha uma boa e agradável conversa, faça bons questionamentos. Divirtam-se juntos.

5. Crie um ambiente propício à leitura

Então, você é um leitor e compartilha suas leituras com as crianças, com entusiasmo. Você pratica leitura em voz alta com elas e lhes oferece livros adequados e de qualidade. Além disso, vocês conseguiram criar uma rotina de leitura. Ótimo! O ambiente em que ela está inserida é bastante propício à leitura. Então, o que falta, agora? Mais nada. Mas…

Não custa nada criar um ambiente físico propício. A atmosfera leitora paira na sua casa ou sala de aula e entre vocês, mas que seria muito legal ter um “cantinho da leitura”, ah, seria! A criança fica muito animada em ter um cantinho só para ela se sentar confortavelmente e ler sem interrupções e barulhos (supondo que o horário que vocês escolheram seja um horário de silêncio e tranquilidade por aí).

Convide as crianças para que vocês criem juntos um “cantinho da leitura”. Pode ser uma poltrona, um cantinho do sofá, um tapetinho no chão com almofada, a rede, uma cadeira específica, uma cabaninha; ou mesmo uma almofada. Vocês podem tornar o cantinho mais aconchegante com uma mantinha, uma garrafinha exclusiva da criança com água, uma luminária, enfim: usem a criatividade para deixar o cantinho o lugar mais aconchegante possível.

Nós, da Gadel, desejamos a vocês boas leituras e um bom crescimento!

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